24.2.05

Terei de morrer...

Um amigo é alguém que consegue tocar a tua alma, apenas com a ternura de um olhar... Mas tu foste mais longe, tocaste a minha alma, e não ficando contente com isso, quiseste ficar com ela! Eu deixei... e agora não és meu amigo, és parte intrínsseca do meu ser, da minha vida... Terei de morrer para me libertar dessa ternura, desse carinho absoluto que me prende ao teu ser, dessa imensa compreensão que sempre tives comigo, desse quente confortável do teu abraço... Terei de morrer, para renascer para uma nova vida, e deixar-te apenas tocar a minha alma só com o olhar, para não voltar a ficar presa a ti, para não voltar a sentir-me una contigo, um único ser... Terei de morrer... Para voltar a viver...

1 comment:

  1. Pode, este teu canto ficar sem respostas?
    Ou elas vieram de ti mesma, desse imenso "interior" que nunca é deserto. E, então, bastas a ti mesma, nessa imensa busca na ecologia do teu Ser.
    Seria verdade que a "alegria do amor está em amar", sem esperar uma resposta do amor alhures? Que engodos haveriam quando almejamos algum "Mometo de solidão", se nunca há um vazio ao nosso redor, e o próprio "deserto" interior é, ele mesmo, uma profusão de vida, de vidas múltiplas que somos?
    Assim como não se atravessa um mesmo rio duas vezes, não se respira o mesmo ar do Oceano Zana duas vezes, pois que a brisa da vida sopra, incessante, jamais efêmera.
    Que "Outro mundo" buscar, se somos nós vários mundos; criados que somos pelas nossas diferenças e repetições de todo momento. E a loucura! É a loucura! A própria psicanálise nos diz sermos loucos quando somos normais, e quando estamos ébrios da loucura diz que não o somos.
    Assim, como compreender a "Loucura"? Como compreender o nosso corpo sem órgãos, essa loucura que nos faz percebermos como se estando em eterno sonho.
    Posso, eu mesmo dizer-me: "Terei de morrer...", se morremos a cada segundo de acordo com o desfiar do tempo.
    E toda essa incompreendida sensação de solidão, quando nossa alma, às vezes uma ilha num oceano de amor, canta os lamentosos cantos reclamando da solidão, ou, ainda, louca, deseja e pede ainda mais por solidão, se já a temos em demasia.
    Ah! Zana. São tantas as perguntas, e torrenciais são as respostas que não as percebemos mais que percebemos todas as águas de todas as tormentas.
    É sonho, ou loucura, pensarmos que, por algum momento, estejamos sós.

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