18.11.13

Solidões




Olhos brilhantes, cabelos ao vento, nada mais importava.
Se os sonhos fossem todos assim, se a vida fosse toda assim, mas não, a vida é dura, tão dura que ás vezes nos sentimos como se tivéssemos ido contra o muro, ou ás vezes sentimos que somos também nós um muro.

Fechou-se como uma ostra ao primeiro toque, apertou-se em si, e não se mexeu mais, a ver se nada acontecia, estava já tão confortável dentro daquela casquinha, que qualquer tentativa, mesmo que bondosa, de qualquer proximidade a faziam retrair-se. Preferia estar sozinha, ficar sozinha, umas horas acompanhada eram o suficiente.

Tinha-se habituado à solidão do coração, era mais confortável assim, sofria menos assim. Aconchegava-se naquele manto, e deixava-se ficar na esperança de não ser perturbada.

Naquele dia, naquele dia tudo mudou, naquele dia a concha não teve a mesma força, naquele dia a solidão pareceu-lhe menos confortável, e os seus olhos brilharam.

Talvez um dia, pensou ela, talvez um dia eu consiga...

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