Existia sempre tão boa medida, como remédio, e os seus olhos procuravam-na, mesmo sem saber de onde nem de quando a encontraria.
Eram assim os seus dias: a procurar por ela, que sempre viria, mas que nunca chegava.
E por agora, soltava o grito mudo que nunca saía e o estrangulava a cada hora que passava.
Deixaste a fasquia muito alta, sabes. Como será agora que não te vou ter mais.
Será como sempre foi, um dia igual ao outro, e a todos os que já passaram, os que hão de vir, serão como os que já foram, sem mim.
O que não tem remédio, remediado está, pensava. Agora é continuar como sempre fui, e como sempre vou ser. Agora é continuar como sempre serei e continuarei. Não vou desistir de te procurar, nem que seja dentro das memórias, nem que seja dentro dos teus olhos que já não vejo. Vou continuar a procurar-te, e vou continuar a encontrar-te no ponto em que esta corda se esticou, neste ponto profundo do meu peito, que quase rasgado ainda te puxa.
Agarrou na corda e puxou-a com força, toda a que conhecia de si, dos seus braços fortes de marinheiro. O barco aproximou-se flutuando, entrou. Pegou nos remos e remou para longe, para onde ninguém o pudesse ver. Para onde pudesse sozinho e com ela, aprecisar aquele por do sol, o deles.
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