Ela tinha a cabeça às voltas, não conseguia pensar, não dava para organizar os pensamentos, sentia-se como se estivesse no meio de uma tempestade, tudo vinha ao mesmo tempo e nada fazia sentido, aquela sensação de euforia misturada com uma apatia descontrolada, não conseguia reagir.
O que é que estou a fazer, por que caminho me estou a meter, isto vai correr mal... isto vai correr muito mal... E o que é que ele tem na cabeça para me fazer isto. Ele sabe os riscos que corremos. Estou a perder-me. E agora o que é que eu faço com isto.
Ele abraçou-a, ela gelou, não conseguia controlar a respiração, quase entrou em pânico, as pernas tremiam, o coração explodiu de palpitação, mas deixou-se ficar naquele abraço, sabia tão bem estar nos braços dele.
Ele olhou-a nos olhos, com os dedos puchou uma madeixa de cabelo para o lado. Olhou-a novamente e aproximou-se em direcção da sua boca, ela conseguiu desviar a tempo. Abraçaram-se ainda com mais força e ela petrificou por completo, não se mexia nem um milimetro, embora tivesse tremor de terra no peito (mas ele não podia saber).
Chovia. Ficaram debaixo do guarda chuva por momentos, como se o tempo estivesse suspenso, à sua volta as pessoas continuavam a passar apressadas, sem que dessem conta da revolução que acontecia mesmo ali do lado, entre aqueles dois desconhecidos que se abraçavam como se despedissem.
Ela olhou-o com esforço para não chorar.
O mundo pode acabar amanhã. Disse ele novamente tentando beija-la. Ela afastou-o.
Não te quero voltar a ver. E fugiu. Andou horas pela cidade, sozinha, até encontrar um banco. Sentou-se, mesmo no molhado, não se importou, o seu mundo tinha acabado.
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