7.8.14

A Viagem - Primeira




É agora. Tenho medo. Isto é tão assustador. Abraça-me.

É preciso. Já sabes o plano direitinho, não sabes.

De trás para a frente.

Pronto, então tudo certo. Não fiques com essa cara, se não é mais difícil. Tem de ser assim desta vez, já analisamos isto, lembras-te. Agora já não podemos voltar atrás. Eu vou na frente. Depois tu também desces. É logo a seguir.

Eu sei meu amor. Eu sei. Mas ainda vai demorar até nos cruzarmos. E se acontece alguma coisa. Basta uma coisa. Uma pequenina coisa.

Não tenhas medo. Já sabes como isto funciona. Já não é a primeira vez que o fazemos. Tudo está perfeitamente sincronizado. Não tenho dúvidas de que te vou reconhecer.

Então e se eu não te reconhecer.

Ah. Não te preocupes. Achas mesmo que eu me vou conter quando te vir. Ainda não dei um passo na direcção oposta de ti, e já te sinto tantas saudades. No dia em que os meus olhos cruzarem os teus, vou ter a certeza, e não vou descansar enquanto não te acordar. Está tudo certo meu amor. Vai parecer tudo muito doido. Mas tenho a certeza que vais acordar. Acordaste sempre. Confia.

Confio… Faz boa passagem. Encontramo-nos do outro lado. Meu Amor.

Os guardiões já se encontravam na entrada, à espera, mesmo do lado de fora da cancela. Ela não conseguiu conter as lágrimas. Já o tinham feito vezes sem conta, mas ficava sempre de peito apertado. Ele iria na frente, ao contrário do costume, era necessário que assim fosse desta vez. Ele abraçou-a, respirou fundo e sussurrou-lhe ao ouvido…

Amo-te todos os dias até à eternidade. Meu Amor.

E partiu.

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