Há dias assim. Em que se acorda e se fica a vaguear nos pensamentos. Há dias em que se abre os olhos e se entra no sonho. Dias em que a realidade é mais forte enquanto se estava a dormir.
Há dias em que o coração se sobressalta quando a luz do dia entra pela janela do quarto. Há dias em que a escuridão do sono é bem mais confortável. Estável era ficar lá. Nos sonhos.
Há dias em que o vaguear de zombies se torna insuportável. Em que caminhar por entre estes rebanhos cinzentos se torna arrepiante. Revoltante.
Há dias em que os olhos teimam em fechar. Para lá voltar. Até onde me deixei. Dias em que só há vontade de acordar para a outra realidade. Aquela que nos sabemos verdadeira.
E nestes dias, não vale fazer de conta. Porque nestes dias o azul do céu não há. O verde do campo só está do outro lado da consciência. E nestes dias é melhor sermos como somos. Nestes e em todos os outros, temos de ser como somos. Mas nunca o somos. É. Paradoxo interessante, este de andarmos sempre a tentar parecer aquilo que não somos. Só porque todos os outros acham que devem ser o que não são. Para que aqueles que não se interessam pensem que são aquilo que não são.
Há dias assim. Cheios de insanidades. Pensamentos dissonantes. Passeios pela mente. Monólogos insessantes..
Sim. Há dias assim. Em que ninguém te vê. Embora te mostres como és. Ninguém te quer ver. Porque esperam que te mostres como não és. Para que no conforto do confronto, seja de fácil justificação, e dizerem apenas, Ah, é uma pessoa diferente.
Uma pessoa diferente.
Há dias assim. Em que ninguém me compreende.
Em que sou igual a toda a gente.
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