Se a morte me abraçasse agora, iria com ela, morreria sem surpresa… Segui-la-ia para onde ela quisesse que eu fosse, eu iria.
Sentindo que nada tem mais importância, decadência alucinada de intransigências acumuladas, de atitudes dispensáveis, completamente destrutivas de todas as esperanças.
E ela ouve-me, e vem-me buscar… abraça-me…
Abraço-te uma última vez, já que todas as outras últimas vezes não foram suficientes. Abraço-te e até um dia, quando ela te vier buscar, talvez queiras vir ter comigo, para me voltares a abraçar numa última vez eterna…
Vou-me, não me despeço de mais ninguém… Levo comigo o peso da lembrança, de todos os nossos momentos. Vou-me, e deixo que a essência do meu ser se fique e se envolva em ti, para que me sintas por mais uns momentos, como um perfume delicado que te beija… Deixa-me levar algo teu comigo… sim. Deixa-me levar um pouco do teu toque, para que, durante esta minha espera desesperada, eu me possa sentir um pouco mais perto de ti, para que me possa recordar com mais intensidade de tudo o que sinto, de todas as palavras, de todos os olhares…
Vou-me, já não me resta mais nada aqui para me alimentar, para alimentar esta minha loucura de viver… Se o que me alimentava também já foi com ela…
Vou-me… até a eternidade.
Rosa Maria
No comments:
Post a Comment