12.12.22

Danças com a Morte

Há dias em que a pele estala no pressentimento da morte, que passa tão perto. Dias de frio interior, inquietude que não se explica. Tudo fica. Parado. O coração aperta.
 
Nestes dias o cheiro da morte é mais nítido. Pois que ela se passeia calmamente entre os encarnados. Varrendo e confirmando os desencarnes que se aproximam. Para que os posso acolher de braços abertos.
 
Nesses dias ela vem falar-me ao ouvido.
 
Estou aqui. Não te esqueças de mim. Um dia venho encontrar-me contigo. E então faremos a nossa viagem. Aquela que marcamos há tantas décadas. Atravessaremos o rio que nos separa. Mas não temas. É uma viagem calma. Uma viagem que virá após a tua tempestade terminar.

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