Não te sobra nada, se não apenas tocares no seu corpo, ali deitado à tua espera. E no entanto não te mexes, ficas preso a essas asas que não voam, não te moves.
Não te resta mais nada a não ser observares o sangue que ensopa os lençóis. E no entanto tentas vesti-los, para te sentires na tua pele.
Não te resta nada, absolutamente mais nada. Nem os pedaços de carne que tocas horrorizado, e no entanto, com um estranho sentimento de satisfação.
Então é isto a morte, pensas tu. Então é assim que se fica depois de abandonarmos o nosso corpo. Carne, apenas carne, ensopada em sangue, carne, embrulhando ossos, partidos.
E que bem que te soube parti-los, parecia que estavas no jardim de diversões, nunca antes sentiste este prazer, nunca, antes eras apenas tu.
Mas agora, não resta mais nada a não seres mais do que apenas tu, és aquele que agora observas, de mãos envoltas num tom castanho avermelhado.
E ficas-te, apenas. Fascinado com o ser em que te tornaste.
No comments:
Post a Comment