Os dias vão-se passando, e ela não consegue esquecer. A vontade de voltar atrás e apagar tudo com borracha permanente, (sim, permanente como a tinta, mas ao contrário), é tanta que quase consegue viajar até lá para cumprir tão penosa missão.
A dor foi tão forte, a mentira tão grande, e aquela criatura que não tinha culpa, aquela pobre criatura que não imaginava se quer o tamanho da mentira que a cobria.
Foram dias luminosos para eles, mas que se transformaram em sombras depois. Como um fósforo, ardeu e ficou apenas carvão, e como o carvão, sujou tudo porque foi remexido.
Eda, estás bem. Estás aí com um olhar tão esquisito.
Estava a pensar numa história antiga.
Oh querida, ainda pensas nele.
Sim, apesar de tudo ainda penso nele. Não consigo Xavier, é mais forte que eu.
Eu sei meu amor, anda cá, eu dou-te um abraço e isso já passa, vá.
Ele abraçou-a com força. Mas não passou, foi ainda pior. A força daquele abraço, transportou-a para o abraço, aquele abraço em que tudo começou, aquele abraço que levou a mais abraços de respiração profunda, de alívio, de saudade.
Pobre coitada, e ela não sabia de nada, o que é que eu fui fazer Xavier, o que é que eu fui fazer.
Vá não te martirizes.
Abraçaram-se novamente, e Eda chorou até adormecer.
No comments:
Post a Comment