27.1.15

Só mais uma vez - Cartas de Amor #23



Sabes, ás vezes fico a olhar para o infinito. Sem saber muito bem como me perdi, ou quando me perdi.

Talvez saiba. Sei. Sim. Claro que sei quando me perdi. Foi no dia em que te vi pela primeira vez. Foi esse o dia do início da minha perdição. Do meu pecado. Tu.

Foi no preciso momento em que os teus olhos bateram em mim, qual arma mortífera apontada ao seu alvo. Invariavelmente caí. Acho que ainda não me levantei. Acho não. Sei que não me levantei. Nem nesse dia, nem em todos os que se seguiram. Neles, rastejei até te conseguir apanhar. Sim. Apanhei-te. E prendi-te na minha rede.

Resgatei-te desse mar em que te via à deriva. E prendi-te. Envolvi-te o mais que pude. Saboreei-te. Consumi-te o mais que consegui. Até entrar em overdose. Mas não era suficiente. Overdose era pouco para tanta vontade. Desejo. Consumi-te até rebentar. Sempre. Muito. 

Tu. Muito. É isso que tu és. Tu és sempre muito. Tudo muito. Absurdamente muito. Overdose. Mais que muito.

E agora. Continuas a ser muito. A estar muito. Longe.

A esticar esta corda que se me sai do peito até ti. Muito. Esticada até à exaustão da dor. Muita. A dor. E ela consome-me. A dor. Corrói-me. Essa maldita dor. Que ficou. Quando te foste. Esta dor que não me larga. Que me amarga a boca sempre que te penso.

Agora que faço. Se não te voltas mais para este lado. Se os teus olhos já não encontram em mim um alvo. Gostava de o ser sabes. Alvo. Pronto a ser perfurado por esse olhar terrível que eu tanto adoro.

Ainda sim. Falo no presente. Porque é a minha verdade. A tua presença ainda aqui está. Todas as noites que me deito. Ao lado dela. Não a sinto. Mas a ti. Tu. Estás mais do que aqui. Entranhada em mim de tal modo, que não me contenho em te gritar. Para dentro. Grito-te para dentro. Muito. Como tu. Na esperança de que um dia me ouças. E me possas voltar a abater com esses olhos.

Olhos que queimam como cigarros. Eu sei que eles continuam iguais. Faz com que eles se voltem para mim. Só mais uma vez.

E que me possam abater. Sim. Que me possa incendiar. E que neles, possa eu morrer.

Para que nunca mais precise de cá voltar.

2 comments:

  1. Anonymous27.1.15

    Conselho de um velho apaixonado

    Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
    seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
    preste atenção: pode ser a pessoa
    mais importante da sua vida.

    Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
    houver o mesmo brilho intenso entre eles,
    fique alerta: pode ser a pessoa que você está
    esperando desde o dia em que nasceu.

    Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
    for apaixonante, e os olhos se encherem
    d'água neste momento, perceba:
    existe algo mágico entre vocês.

    Se o 1º e o último pensamento do seu dia
    for essa pessoa, se a vontade de ficar
    juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
    Algo do céu te mandou
    um presente divino : O AMOR.

    Se um dia tiverem que pedir perdão um
    ao outro por algum motivo e, em troca,
    receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
    e os gestos valerem mais que mil palavras,
    entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

    Se por algum motivo você estiver triste,
    se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
    sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
    lágrimas e enxugá-las com ternura, que
    coisa maravilhosa: você poderá contar
    com ela em qualquer momento de sua vida.

    Se você conseguir, em pensamento, sentir
    o cheiro da pessoa como
    se ela estivesse ali do seu lado...

    Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
    mesmo ela estando de pijamas velhos,
    chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

    Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
    ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

    Se você não consegue imaginar, de maneira
    nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

    Se você tiver a certeza que vai ver a outra
    envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
    que vai continuar sendo louco por ela...

    Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
    a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

    Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
    na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

    Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
    nesses sinais, deixam o amor passar,
    sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

    É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
    Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
    cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!

    Carlos Drummond de Andrade

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