Estavas ali. A luz do candeeiro de rua iluminava-te. Quase como que numa denuncia anónima, acusava a tua presença.
Fumavas calmamente. E eu observava-te de longe, enquanto encostavas mais uma vez nesses lábios carnudos, a cigarrilha. Sim. Porque tu só fumas cigarrilhas. Eu sei. Eu reparo em tudo sabes. Tudo o que é de ti eu guardo na memória.
Lá fora, a rua continuava deserta. E tu, debaixo daquela luz. Parecia que esperavas alguém, mas não. Estavas. Só. Sempre gostaste de estar assim. Sozinha na noite.
Queria aproximar-me. Mas não queria quebrar aquela visão de ti tão deslumbrante. Era capaz de ficar horas assim, apenas a observar-te debaixo dessa luz.
E o silêncio. E o resto de toda a noite continuava negra.
Apenas tu.
A cigarrilha.
E a luz do candeeiro.
No comments:
Post a Comment