30.7.13

Privilégios




E agora. O que é que eu faço com isto. Como é que eu sinto isto.


Então, sentes.


Mas como é que eu sinto isto.


Sentindo, como se sentem os outros sentimentos. Só que sentir amor é algo muito mais intenso, é isso, amor é mais intenso mais profundo que qualquer outro sentimento.


Mas eu não sei se isto é amor. O que eu sinto não é amor, é algo maior que isso, não é deste mundo.


Oh, não sejas tonta, como é que pode ser de outro mundo, se o sentes é deste mundo.


Não, não é. Se fosse deste mundo eu saberia sentir, mas eu não sei. Controla-me, faz-me fazer o que não posso, faz-me querer o que não quero, faz-me ser imprudente, impulsiva, incompreendida, parece que tem vontade própria.


Estás apaixonada, os apaixonados fazem isso tudo, e estar apaixonado significa sentir amor, e tu estás a senti-lo de uma forma tão intensa que te parece que é exterior a ti, mas é muito mais interno, muito mais teu, muito mais sentido do que imaginas.


Talvez. Mas o que é que eu faço com isto.


Sente. Saboreia. Aproveita essa dádiva. Deixa arder enquanto existir. Deixa acontecer. Se a fogueira apagar, vais pelo menos poder saber como é. Muitos passam uma vida inteira apenas a imaginar, e tu tens o privilégio de o estar a sentir, então não penses, sente, sente, sente.


É. Vou sentir. Sim, privilegiada, talvez. Vou sentir. É isso, sentir só. Deixar que aconteça.


Isso, deixa acontecer e sente. É simples.


Sim. Acontecer. Sentir. Simples.

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